A tecnologia está a desempenhar um papel cada vez mais importante na indústria da pedra natural. E está a evoluir rapidamente. Decidimos perguntar a nove especialistas da indústria da pedra natural em Espanha que, devido à natureza do seu trabalho e experiência, são os mais qualificados para responder à pergunta: «Como está a evoluir a tecnologia na indústria da pedra natural e para onde se dirige?». Seguem-se as suas respostas.
DAS TECH
Vicente Alcácer

Está cada vez mais complicado, mas do ponto de vista tecnológico e comercial, a pedra natural deveria apostar mais em se diferenciar dos seus concorrentes, sobretudo em formatos onde oferece vantagens comparativas. As bancadas de pedra natural de 20 mm têm sido uma alternativa, mas cada vez mais se está a perder a capacidade de oferecer materiais naturais e estão a ser implementadas cerâmicas com designs digitais com veios passantes e acabamentos escovados, que imitam pedras exóticas com acabamentos muito espetaculares. Aqui, a pedra ainda pode diferenciar-se a um preço mais ajustado.
Os fabricantes de materiais compostos do tipo quartzo já oferecem alternativas ao sílício; esta é outra possibilidade de recuperar um mercado quase perdido. Também os translúcidos, como o ônix, a quartzito e os alabastros, oferecem uma oportunidade de se diferenciar, deixando a luz passar através deles. Isso, por enquanto, ainda não é possível na cerâmica.
Do ponto de vista tecnológico, a pedra natural precisa atualizar as suas linhas e automatizar processos, como é o caso da malha, que apresenta muitos componentes químicos e muito trabalho manual, ao contrário de linhas mais automáticas, como as realizadas em porcelânico, onde a vantagem do formato retangular e das espessuras não requer resinas de soldagem. Utilizar resinas de baixo custo não é a solução quando se pretende obter boas prestações mecânicas, evitar o amarelecimento e reforços pouco duradouros que não oferecem prestações com baixa carga térmica. Substituir os antigos fornos a gás por sistemas mais modernos e eficientes que reduzam a pegada de carbono também é uma opção de melhoria.
INSEMAC
Raúl Barrionuevo

Na Insemac, vemos que a evolução tecnológica na indústria da pedra natural tem sido especialmente notável nos últimos anos, impulsionada pela digitalização e automação dos processos. As máquinas de controlo numérico (CNC) trouxeram uma precisão e versatilidade impensáveis há uma década, permitindo combinar produtividade com acabamentos de alto valor acrescentado.
Destacamos também o papel do software avançado de design e simulação, bem como dos sistemas de manipulação mais seguros e eficientes, que contribuíram para melhorar a produtividade e a sustentabilidade nas oficinas. Acreditamos que a tendência continuará a orientar-se para soluções cada vez mais conectadas, inteligentes e adaptadas a novos materiais, onde a tecnologia será fundamental para manter a competitividade sem perder a essência artesanal que caracteriza o setor.
SADECOR
Raúl Becerra

Em relação à nova tecnologia para a pedra natural: Serão implementados mais robôs com acoplamentos de ferramentas para diferentes acabamentos. Carga e descarga também por robôs para a manipulação e tanto o corte como o polimento de peças especiais com robôs. Até mesmo a carga e o transporte dentro da fábrica serão feitos por veículos robotizados, o que será uma realidade a curto prazo.
Também aumentará o número de controlos numéricos que realizarão ainda mais funções do que os atuais. Para isso, será necessário pessoal mais especializado na programação dessas máquinas e novos engenheiros para desenvolver os programas complexos para executar as funções necessárias.
Isto no que diz respeito às fábricas de transformação de pedra natural.
Também a fabricação de paletes de madeira e a sua posterior embalagem serão feitas por sistemas automatizados, sem intervenção humana.
Quanto às pedreiras, devido às suas características particulares, a automatização demorará um pouco mais e, por enquanto, apenas algumas poucas, já muito planas e com frentes bem definidas, poderão introduzir algumas das novas tecnologias com menos intervenção humana.
As pedreiras ainda precisam da experiência acumulada em anos de trabalho no terreno. Mas, mesmo assim, elas serão introduzidas aos poucos.
MASER
José Luis Belinchón

A evolução tecnológica na indústria da pedra natural está a atingir níveis que, há apenas alguns anos, pareciam inatingíveis. Na MASER, há décadas que observamos e participamos ativamente nesta transformação, e podemos afirmar que o setor está a viver uma verdadeira revolução. A automatização, que antes era uma exceção, está hoje a tornar-se o novo padrão, com níveis de sofisticação comparáveis aos de indústrias como a madeira ou o vidro. Um dos motores desta mudança é a crescente dificuldade em encontrar mão de obra qualificada. A tecnologia está a ajudar a compensar esta carência, permitindo que as oficinas mantenham a sua capacidade produtiva, melhorem a precisão e reduzam os tempos de execução. Equipamentos CNC, sistemas robotizados de manipulação, soluções de digitalização 3D e softwares de gestão inteligente estão a transformar a forma como trabalhamos a pedra, sem perder o respeito pela sua natureza e singularidade. O futuro imediato será a automatização contínua e progressiva. As empresas tecnológicas do setor estão a desenvolver soluções cada vez mais integradas, intuitivas e adaptáveis, o que permitirá às oficinas evoluir sem a necessidade de grandes investimentos disruptivos. Esta evolução será fundamental para manter a competitividade, especialmente num mercado globalizado onde a eficiência, a personalização e a sustentabilidade são cada vez mais valorizadas.
Na MASER, acreditamos firmemente que a tecnologia não só melhora os processos, mas também abre novas possibilidades criativas e comerciais. A digitalização permite visualizar projetos em 3D, otimizar o uso de materiais, reduzir o desperdício e garantir uma rastreabilidade completa, o que agrega valor tanto ao produtor quanto ao cliente final.
Estamos convencidos de que a pedra natural tem um futuro brilhante e que a tecnologia será sua melhor aliada para continuar a ser protagonista na arquitetura, no design e na construção. A chave estará em saber integrar essas ferramentas com inteligência, visão estratégica e compromisso com a excelência.
SEGEDA
Javier Barrena Santana

A indústria da pedra natural não pode, nem deve, ficar alheia à evolução tecnológica que representa a utilização de ferramentas que, sem dúvida, melhoram aspetos muito relevantes do processo produtivo, não só em termos de produtividade, mas também em termos de segurança e melhoria das condições do local de trabalho. Contar com equipamentos com Internet das Coisas (IoT) permite recolher dados, analisá-los e tomar decisões. Na Segeda, temos a certeza de que estes novos sistemas nos ajudam a melhorar e estamos a incorporar novas tecnologias à nossa maquinaria de produção, bem como aos nossos equipamentos que oferecemos para a extração de pedra, onde, ao contrário da maquinaria de processamento, existem mais limitações para o seu desenvolvimento, por se tratar, em parte, de instalações isoladas, em alguns casos. A adaptação dos trabalhadores e responsáveis à utilização de novas ferramentas é um desafio contínuo que pode ser superado com programas de formação adaptados a cada necessidade.
DIGAFER
Pablo Domínguez

Nos últimos anos, a evolução tecnológica na indústria da pedra tem-se centrado em acelerar os processos de fabrico e reduzir o impacto ambiental, graças a regulamentações rigorosas. Na DIGAFER, trabalhamos precisamente nesse sentido e reforçamos a melhoria dos processos produtivos que permitem a poupança de energia, através do desenvolvimento de novas máquinas mais inteligentes que transformam os processos tradicionais através da automatização, análise de dados e aprendizagem automática.
As inovações mais relevantes visam automatizar tarefas repetitivas e críticas, como o corte, o flamejamento ou o polimento, através de sistemas de controlo servoassistidos e algoritmos de otimização contínua. Na DIGAFER, já integramos modelos de inteligência artificial capazes de analisar milhares de dados em tempo real: temperaturas, vibrações, pressões, velocidades de avanço e outros microparâmetros que são impercetíveis ao olho humano, mas que têm impacto direto na qualidade final do produto, nos tempos de ciclo e nos custos energéticos. Serão uma ajuda indispensável na aplicação de modelos de Lean Manufacturing ou técnicas Kaizen de melhoria nos processos de fabrico.
Estes modelos aprenderão com a experiência operacional e treinarão as máquinas para a sua própria melhoria automática, ajustando dinamicamente as variáveis do processo e detetando desvios mínimos que poderiam afetar o desempenho ou o acabamento do material. Uma décima de grau, uma vibração pontual ou um milésimo de segundo de velocidade podem significar enormes diferenças na eficiência, precisão e vida útil dos componentes.
Além disso, a incorporação de novos materiais e tecnologias limpas está a permitir reduzir o pó e os resíduos gerados, criar ambientes mais seguros para os operadores e diminuir a pegada ambiental de cada processo produtivo.
Resumindo, a evolução tecnológica atual e o nosso compromisso na DIGAFER traduzem-se em máquinas mais rápidas, mais inteligentes e mais sustentáveis, que combinam precisão mecânica, automação avançada e análise preditiva para redefinir os padrões de produtividade na indústria da pedra.
VIME
Miguel Fabregues

A tecnologia está a mudar o mundo, não apenas a indústria da pedra. Além disso, tendo em conta as dificuldades em encontrar mão de obra especializada, se quiser sobreviver em qualquer setor, é preciso recorrer à eletrónica e à informática para fazer o trabalho que o homem não quer fazer.
As novas máquinas produzem muito mais e muito mais rapidamente e com uma necessidade de mão de obra muito menor, mas é preciso ter em conta que o avanço da tecnologia torna as máquinas obsoletas muito mais rapidamente do que há alguns anos.
Por exemplo:
Um tear durava 20 ou 25 anos sem qualquer problema.
Uma máquina multifios, após 5 ou 6 anos, além de ficar obsoleta, apresenta um desgaste que torna absolutamente necessária a sua substituição.
Uma cortadora de ponte do século passado durava 20 anos sem qualquer problema.
Atualmente, o avanço tecnológico das máquinas de corte acionadas por controlo numérico torna uma máquina de 5 anos improdutiva em comparação com o novo modelo que chega ao mercado.
Se quisermos fazer uma comparação descontraída, é como as máquinas de lavar roupa: no século passado, podiam durar 15 ou 20 anos sem qualquer problema. As atuais duram seis anos, mas, mesmo que durassem mais, não seria económico mantê-las devido ao consumo de energia, água, peças de reposição e ao número inferior de possibilidades que oferecem em comparação com os modelos mais recentes.
Conclusão: renovar-se ou morrer.
SIMEC / BELSAN
Salvador Juan Beltrá
Os processos de extração em pedreiras e processamento em fábricas evoluíram radicalmente através da automatização em máquinas com novas tecnologias, diminuindo os custos de produção e aumentando a segurança no trabalho, modificando hardware e software dedicados para a configuração «INDÚSTRIA 4.0», tornando mais eficaz a gestão de dados, bem como a teleassistência, o que reduz os tempos, otimizando melhor a matéria-prima.
A grande revolução fabril dos últimos anos no que diz respeito aos novos avanços tecnológicos nos processos produtivos de corte é, sem dúvida, os MULTIHILOS, substituindo os teares convencionais, especialmente no granito, aumentando a eficiência em todos os sentidos, velocidade, produção, etc.
Outra das evoluções mais significativas tem sido também os Controles Numéricos e antropomórficos (substituindo os discos clássicos), criando formas complexas e otimizando o sistema energético e produtivo, conseguindo máquinas mais eficientes através também de uma nova geração de equipamentos eletrónicos, como os inversores, entre outros.
Por último, cabe destacar o avanço no polimento e outras texturas da pedra através de polidoras de última geração, com novos processos de leitura dos materiais, com cabeças independentes e HIGH PERFORMANCE.
NODOSAFER
José Manuel López Guitián
O aumento significativo da necessidade de pessoal para a indústria da pedra, seja na extração ou na transformação, foi o gatilho para que as empresas fornecedoras, neste caso a NODOSAFER, tentassem mitigar essa falta de recursos humanos com base no desenvolvimento de automações tão completas quanto possível. Tudo o que tem a ver com a manipulação e transporte de peças, segurança e saúde no trabalho, etc., está a começar a ser substituído por maquinaria totalmente automatizada. Está-se a conseguir uma produtividade exponencialmente maior graças à robótica, à visão artificial, ao desenvolvimento de produtos e ao design das fábricas de forma ordenada e funcional. As necessidades dos clientes farão com que a tecnologia avance de forma muito significativa nos próximos anos. As fábricas de Espanha e Portugal estão na vanguarda mundial e a marcar um ritmo que irá adaptar novos mercados ou países.
